quinta-feira, 4 de abril de 2013


Corregedoria do Ministério Público do Mato Grosso cria cadastro de penas e traficantes

Idealizado pelo Corregedor-Geral Mauro Viveiros, projetos visam reintegração de detentos e mapeamento do tráfico no Estado

O corregedor-geral do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Procurador de Justiça Mauro Viveiros, anunciou como uma das principais metas da atual gestão - assumida pelo procurador Paulo Prado - a implantação da Central de Acompanhamento de Execução Penal.

Entre os objetivos do órgão está o acompanhamento dos processos e execuções penais contra acusados de tráfico de drogas no Estado.

A medida vai auxiliar o MPE na elaboração e planejamento de novas ações de combate ao tráfico em Mato Groso.

Idealizada pelo próprio Viveiros, que foi reconduzido ao cargo no dia 8 de março, a central custará R$ 650 mil ao ano e deve auxiliar o enfrentamento de muitos dos problemas do sistema penitenciário de Mato Grosso.

Conforme Viveiros, a ideia principal é acompanhar o cumprimento de penas alternativas e estimular a reintegração social de detentos, oferecendo cursos profissionalizantes.

Para ele, os governos vêm deixando esta questão em segundo plano, por absorver “irracionalmente” o anseio da sociedade, que, "muitas vezes, gostaria de matar o preso”.

“O que nós percebemos, na prática, é que não se fiscaliza adequadamente a prestação desses serviços comunitários. Não há, muitas vezes, critérios para a colocação de condenados nessas instituições e o Judiciário não tem condições de acompanhar isso. Nós, que somos os autores da ação, temos o dever de fiscalizar a execução da pena, para que o réu não fique nenhum minuto além ou aquém na instituição onde deve cumprir a pena”, disse.

Inicialmente, o projeto consiste na formação de três equipes compostas por psicólogo, assistente social e motorista. 

Elas atuarão em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, acompanhando os detentos e fazendo a triagem daqueles que podem ser beneficiados. Os cursos, por sua vez, devem ser ofertados por meio de um convênio firmado com o sistema Sesi/Senai.

“Com esses cursos, eles vão descontar parte da pena e terão oportunidade de sair empregados. É a reintegração social. A própria ideia da pena alternativa é essa”, observou Viveiros. 

O corregedor destacou, ainda, que a ideia já conta com o aval do Ministério da Justiça. 

O MPE prepara, agora, a realização do processo seletivo dos profissionais necessários. “Vamos fazer contratações temporárias porque temos necessidade de pessoas com um perfil específico”, explicou o procurador.

"Cadastro de Traficantes"

Outro acompanhamento implantado por Viveiros, mas na gestão passada, é dos processos e execuções penais contra acusados de tráfico de drogas. 

O "Cadastro de Traficantes", como ele chama, já está em funcionamento e deve auxiliar o MPE na elaboração e planejamento de novas ações de combate ao tráfico em Mato Grosso.

“A ideia é mapear o Estado, averiguando o perfil de todos os acusados de tráfico. Além disso, acompanhar as ações penais, os inquéritos instaurados, os bens apreendidos. O que queremos saber é se estamos sendo eficazes, se estamos dando a resposta que o Governo precisa dar à sociedade”, explicou o corregedor.

O projeto faz parte do plano de enfrentamento às drogas, em execução há cerca de dois anos e que tem como objetivo desarticular organizações criminosas, atacando suas estruturas econômicas. 

Para isto, Viveiros assinalou que os promotores de Justiça têm sido orientados a requerer a alienação dos bens dos investigados, logo no primeiro momento da denúncia.

“Essa questão da demora no leilão dos bens é cultural, de modelo de atuação. Por isso, nosso plano antidrogas prevê que o promotor utilize o dispositivo legal de alienação antecipada. Os valores são depositados numa conta e, caso o réu seja absolvido, recebe todo o valor novamente”, explicou.

O cadastro mato-grossense, segundo Viveiros, é dinâmico e pode ser acessado por qualquer membro do Ministério Público. Todos têm autonomia para gerenciar os dados.

“Deste sistema, podemos retirar informações que ajudem a orientar as políticas de combate às drogas. Fazemos um acompanhamento desde a investigação criminal, passando pelo processo judicial, até chegar à execução penal”, completou o procurador.


(Matéria fornecida pela Assessoria de Imprensa do Ministério Público do Estado de Mato Grosso)